29 dezembro 2009

Para quem só tem um martelo na mão, tudo na vida é prego

Para quem só tem um martelo na mão, tudo na vida é prego


+ texto de Alberto Alvarães

Quando, há alguns anos, escutei esta frase de um amigo não imaginei o quanto ela caberia em um fato que observo hoje, com muita tristeza, em alguns profissionais de Recrutamento e Seleção e, principalmente, na hierarquia que, tendo a necessidade de um novo membro na equipe, participa ativamente da contratação.

Antes, um pouquinho de história para que você possa entender onde quero chegar. Houve um tempo em que os profissionais eram extremamente generalistas. Impulsionados por épocas como a da Revolução Industrial, o profissional da fábrica de sapatos não somente sabia cortar o couro, mas também costurar, tratar o couro e encaixotar os sapatos. Com o avanço da tecnologia, a produção em série e a diversificação das tarefas, veio a especialização. Ainda me lembro do tempo em que era técnico de manutenção de computadores, nos anos 80. Havia os técnicos especializados em software e os especializados em hardware. Dos que eram especializados em hardware, alguns somente prestavam manutenção em impressoras, outros em terminais de vídeo e outros em CPU. “Especialista” era a palavra de ordem.

O tempo foi avançando e surgiram novas tecnologias, novas formas de comunicação, novos métodos de trabalho, uma necessidade de velocidade cada vez maior nas trocas de informações, o conhecimento tinha que ser absorvido muito rapidamente. Conhecimento de tudo, por todos. Esta é a nossa era atual, a era do conhecimento, a era da comunicação, do compartilhamento das informações. O “Especialista” sai de cena e entra em ação, de novo, porém com outra cara, o “Generalista”, aquele que não necessariamente entende de tudo, mas consegue concatenar os diversos conhecimentos em prol de seu trabalho, de sua empresa, das metas e objetivos organizacionais, profissionais e pessoais.

É este o profissional que as empresas buscam hoje no mercado, mas muitas vezes não conseguem contratá-los. Por que eles não são contratados? São profissionais caros? São raros no mercado? Não! Eles são desqualificados nas entrevistas de seleção por um filtro natural que existe em alguns profissionais de Recrutamento e Seleção ou na hierarquia que participa deste processo: a “acomodação do conhecimento”.

E o que é a “acomodação do conhecimento”? Alguns destes profissionais envolvidos com a contratação ainda estão na era da especialização, tendo grandes dificuldades em se adaptarem à teoria generalista. Para eles, o candidato ideal é aquele que ele consegue fazer o “espelhamento”, uma identificação profissional e até pessoal. O candidato só estará qualificado se tiver os mesmos conhecimentos e capacitações que o recrutador tem.

Imagine um recrutador contratando uma operadora de Telemarketing porque percebeu que ela tem um grande conhecimento de informática, assim como ele.
Imagine um recrutador contratando uma vendedora porque percebeu que ela conhece tanto de técnicas de Programação Neurolingüística quanto ele.
Imagine um recrutador contratando uma analista de cargos e salários porque ela fala muito bem o idioma inglês, tão fluentemente quanto ele.
O conhecimento de informática é importante para uma Operadora de Telemarketing, assim como o de PNL para uma vendedora e a fluência no inglês para uma Analista de Cargos e Salários. Mas será que estas contratações não foram influenciadas pelas limitações do recrutador, pelas suas solitárias especializações, pela sua “acomodação do conhecimento”? Será que estes recrutadores conseguem ter uma suficiente visão generalista a ponto de poder visualizar todas as competências e conhecimentos necessários para o cargo a ser preenchido?

Se você trabalha recrutando e selecionando pessoas, olhe em volta e questione se as pessoas, que você contratou, são o espelho da empresa ou o seu espelho, se você não está limitando a capacidade de criatividade e inovação da empresa contratando pessoas com o mesmo perfil ou, pior ainda, apenas com o seu perfil. Não se esqueça que se em um departamento existem três pessoas que pensam exatamente da mesma forma, duas delas são desnecessárias. Veja se você tem uma caixa de ferramentas completa em suas mãos e não apenas um martelo.

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Para quem só tem um martelo na mão, tudo na vida é prego

Para quem só tem um martelo na mão, tudo na vida é prego


+ texto de Alberto Alvarães

Quando, há alguns anos, escutei esta frase de um amigo não imaginei o quanto ela caberia em um fato que observo hoje, com muita tristeza, em alguns profissionais de Recrutamento e Seleção e, principalmente, na hierarquia que, tendo a necessidade de um novo membro na equipe, participa ativamente da contratação.

Antes, um pouquinho de história para que você possa entender onde quero chegar. Houve um tempo em que os profissionais eram extremamente generalistas. Impulsionados por épocas como a da Revolução Industrial, o profissional da fábrica de sapatos não somente sabia cortar o couro, mas também costurar, tratar o couro e encaixotar os sapatos. Com o avanço da tecnologia, a produção em série e a diversificação das tarefas, veio a especialização. Ainda me lembro do tempo em que era técnico de manutenção de computadores, nos anos 80. Havia os técnicos especializados em software e os especializados em hardware. Dos que eram especializados em hardware, alguns somente prestavam manutenção em impressoras, outros em terminais de vídeo e outros em CPU. “Especialista” era a palavra de ordem.

O tempo foi avançando e surgiram novas tecnologias, novas formas de comunicação, novos métodos de trabalho, uma necessidade de velocidade cada vez maior nas trocas de informações, o conhecimento tinha que ser absorvido muito rapidamente. Conhecimento de tudo, por todos. Esta é a nossa era atual, a era do conhecimento, a era da comunicação, do compartilhamento das informações. O “Especialista” sai de cena e entra em ação, de novo, porém com outra cara, o “Generalista”, aquele que não necessariamente entende de tudo, mas consegue concatenar os diversos conhecimentos em prol de seu trabalho, de sua empresa, das metas e objetivos organizacionais, profissionais e pessoais.

É este o profissional que as empresas buscam hoje no mercado, mas muitas vezes não conseguem contratá-los. Por que eles não são contratados? São profissionais caros? São raros no mercado? Não! Eles são desqualificados nas entrevistas de seleção por um filtro natural que existe em alguns profissionais de Recrutamento e Seleção ou na hierarquia que participa deste processo: a “acomodação do conhecimento”.

E o que é a “acomodação do conhecimento”? Alguns destes profissionais envolvidos com a contratação ainda estão na era da especialização, tendo grandes dificuldades em se adaptarem à teoria generalista. Para eles, o candidato ideal é aquele que ele consegue fazer o “espelhamento”, uma identificação profissional e até pessoal. O candidato só estará qualificado se tiver os mesmos conhecimentos e capacitações que o recrutador tem.

Imagine um recrutador contratando uma operadora de Telemarketing porque percebeu que ela tem um grande conhecimento de informática, assim como ele.
Imagine um recrutador contratando uma vendedora porque percebeu que ela conhece tanto de técnicas de Programação Neurolingüística quanto ele.
Imagine um recrutador contratando uma analista de cargos e salários porque ela fala muito bem o idioma inglês, tão fluentemente quanto ele.
O conhecimento de informática é importante para uma Operadora de Telemarketing, assim como o de PNL para uma vendedora e a fluência no inglês para uma Analista de Cargos e Salários. Mas será que estas contratações não foram influenciadas pelas limitações do recrutador, pelas suas solitárias especializações, pela sua “acomodação do conhecimento”? Será que estes recrutadores conseguem ter uma suficiente visão generalista a ponto de poder visualizar todas as competências e conhecimentos necessários para o cargo a ser preenchido?

Se você trabalha recrutando e selecionando pessoas, olhe em volta e questione se as pessoas, que você contratou, são o espelho da empresa ou o seu espelho, se você não está limitando a capacidade de criatividade e inovação da empresa contratando pessoas com o mesmo perfil ou, pior ainda, apenas com o seu perfil. Não se esqueça que se em um departamento existem três pessoas que pensam exatamente da mesma forma, duas delas são desnecessárias. Veja se você tem uma caixa de ferramentas completa em suas mãos e não apenas um martelo.

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